A noite prometia com os vinhos de Dirk Niepoort, afamados aquém e além fronteiras, e o Chá Camélia, produzido em Portugal, juntando-se à mesa o Pipachá, cujas folhas estagiaram em pipas do vinho do Porto. Encontrar os sabores certos para a harmonização era tarefa do chef Cyril Devilliers, do The Oitavos.

Dirk realçou a diversidade vitivinícola do país que não se resume ao Douro, a mais famosa região do país, onde a sua família começou a produzir há 30 anos, muito longe de ser o que é hoje. E trouxe vinhos de diferentes proveniências do seu portfólio: o Conciso Branco 2017 do Dãoo espumante Água Viva 2016 e o Poeirinho Tinto Garrafeira 2015 da Bairrada e, a estrela da noite, o Rubustus Tinto 2015, do Douro, que só não brilhou mais porque o Niepoort Bioma Vintage chamou a si todas as atenções, no final.

Pelo meio do repasto, serviu-se um chá a acompanhar a conversa com a oradora convidada: Nina Gruntkowski. Nascida na Alemanha, foi atleta profissional e começou a escrever sobre desporto num jornal, onde a aconselharam a estudar qualquer disciplina se queria ser jornalista, menos jornalismo. Escolheu Geografia e Antropologia e especializou-se em Estudos Africanos, o que a levou a viver no deserto da Namíbia, numa estação científica, durante um ano, experienciando o isolamento, a vida entre uma comunidade indígena e o desafio de usar o nevoeiro para ter água potável. 

Voltou ao jornalismo, aos microfones da rádio e as suas reportagens, filmes sonoros, levaram-na a viajar muito pelo Brasil e pelos países lusófonos. Aprendeu Português a dançar e cantar o reportório da capoeira. Conheceu o Douro há 15 anos e apaixonou-se, literalmente. Ao lado de Dirk Niepoort transformou um sonho num projecto de vida: produzir chá. Começou no quintal de casa, hoje ocupa 12 hectares de terreno. Em 2019 fez a primeira colheita: 12 quilos de chá seco, este ano produziu 50 kg, seguindo princípios biológicos e praticando uma agricultura biodinâmica. O resultado é um chá com estilo japonês e terroir nacional, que desencadeou um misto de emoções que só quem espera cinco anos até saber o que está na chávena consegue descrever. 

Dirk guardou algo verdadeiramente especial para o fim: o Bioma 2017 vinha da Pisca, que só dez felizardos tinham provado até ao jantar do WEC. Um néctar tão especial que não está ao alcance de todos – 720,00€ a garrafa. Perfeito com o chocolate, caramelo salgado e amendoim da sobremesa, sempre um dos pontos altos da refeição. O brinde fechou uma noite rica sensorialmente.

Dia 26 de Novembro, o WEC – Wine & Executive Club celebra mais um aniversário e a festa faz-se no Verbasco, do The Oitavos com um cartaz de luxo.